sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Mulheres Magras Demais

Choca esta imagem, não é?

É esta a intenção!!!

Assisti a um documentário feito por uma fotografa americana, que está ingressando no cinema, sobre mulheres com distúrbios alimentares. O documentário enfoca, principalmente, cinco mulheres com idades variadas e com nível sócio-econômico-cultural distintos, tendo em comum a bilimia e/ou anorexia.

Foi extremamente chocante e, ao mesmo tempo, esclarecedor dentro da sua crueza, nada foi escondido ou amaciado, nem tão pouco romantizado. Fiquei assustada com a falta de controle a que se chega, a perda de domínio do organismo e a visão distorcida da própria imagem que essas mulheres tinham. Estavam magérrimas e ainda assim viam-se gordas, ficavam com raiva de si mesmas a cada 100g adquiridas (e tão necessárias para a sobrevivência). Uma delas veio com apenas 36 kilos, com sonda de gastrostomia, e mesmo assim o medo de engordar era mais forte: logo após receber a dieta, ela destampava a sonda e com auxilio de movimentos musculares do abdomem, drenava todo o alimento recebido (posteriormente, com o andamento do tratamento, a sonda foi retirada). Outra, uma mulher próxima dos 40 anos, chorava ao se alimentar e chorava ainda mais quando terminava a refeição, de vontade de vomitar. E todas controlavam as calorias ingeridas.

A clínica em que estavam era extremamente rígida e empenhada na recuperação de cada uma delas, se haviam regras estabelecidas que precisavam ser rigorosamente seguidas por todas, também havia o empenho e a dedicação de todos os membros da equipe multidisciplinar. Não havia dengo, chamego, diferenças no trato individual, e muito menos passava-se a "mão na cabeça", mas em troca não faltava estímulo, apoio e incentivo. Todas, sem excessão, tinham, e eram cobradas por isso, sua parcela de responsabilidade para o sucesso do tratamento: sem vontade e perseverança não há melhora e posterior cura.

Bom, indo mais para o fim, dessas pacientes enfocadas, nenhuma se recuperou de imediato. Uma, com apenas 15 anos, não quis mais permanecer e a mãe foi buscá-la, continuando com os distúrbios alimentares. Perdeu rapidamente o (pouco) peso que havia adquirido. Outra foi mandada embora por esconder medicamentos no guarda-roupa e ainda estimular as colegas a quebrarem as regras, indo contra o tratamento estabelecido. Ela sabotou a própria recuperação e estava tentando sabotar a das outras. As outras três tiveram alta médica, mas também tiveram recaída e perderam peso, porém voltaram a procurar outras formas de tratamento, em busca da recuperação definitiva. Se conseguiram não sei, mas estavam tentando.

O que esqueci de dizer é que cada uma delas tinha o apoio incondicional da família.

Não sou uma pessoa que se choca facilmente, mas dessa vez fiquei e muito. Não fazia ideia de quão devastadora é esta doença, o quanto corrói interiormente um ser humano e, junto, as pessoas ao redor . Não sei o que leva a isto, qual a origem, mas não acredito que seja apenas a ditadura da beleza. Talvez seja a ditadura da beleza, que estabelece que só é bonita quem é magra, aliada a uma baixa auto-estima e uma cobrança da sociedade que discrimina as diferenças.

Espero que mais pessoas tenham visto este documentário e que, como eu, tenham se conscientizado que o importante é ser saudável e aceitar a sua estrutura física como é.

2 comentários:

Tainara disse...

Nossa parabéns tocou em mim o que voce quis passar. As pessoas criam uma doença dentro de si que aos poucos vai se alastrando e elas acabam não percebendo.Acho que elas não se satisfazem com o que veem no espelho e recorrem a doença é triste mas realmente aconteçe né?temos que torcer por estas pessoas para que melhorem.

Anônimo disse...

Não concordo com anorexia, nem qualquer outro distúrbio alimentar mas nem todas as mulheres magras têm disturbios alimentares, sou magra, por vezes vêm se os meus ossos também, e já tive muito preconceito por causa disso, pode ser genético, sistema nervoso etc... nem toda a mulher magrinha é anorexica... é bom que as pessoas começem a enxergar isso!