sexta-feira, 25 de julho de 2008

"Mila", por Carlos Heitor Cony



"Era pouco maior do que minha mão: por isso eu precisei das duas para segurá-la, 13 anos atrás. E, como eu não tinha muito jeito, encostei-a ao peito para que ela não caísse, simples apoio nessa primeira vez. Gostei desse calor e acredito que ela também. Dias depois, quando abriu os olhinhos, olhou-me fundamente: escolheu-me para dono. Pior: me aceitou.


Foram 13 anos de chamego e encanto. Dormimos muitas noites juntos, a patinha dela em cima do meu ombro. Tinha medo de vento. O que fazer contra o vento? Amá-la — foi a resposta e também acredito que ela entendeu isso. Formamos, ela e eu, uma dupla dinâmica contra as ciladas que se armam. E também contra aqueles que não aceitam os que se amam. Quando meu pai morreu, ela se chegou, solidária, encostou sua cabeça em meus joelhos, não exigiu a minha festa, não queria disputar espaço, ser maior do que a minha tristeza.


Tendo-a ao meu lado, eu perdi o medo do mundo e do vento. E ela teve uma ninhada de nove filhotes, escolhi uma de suas filhinhas e nossa dupla ficou mais dupla porque passamos a ser três. E passeávamos pela Lagoa, com a idade ela adquiriu "fumos fidalgos'; como o Dom Casmurro, de Machado de Assis. Era uma lady, uma rainha de Sabá numa liteira inundada de sol e transportada por súditos imaginários.


No sábado, olhando-me nos olhos, com seus olhinhos cor de mel, bonita como nunca, mais que amada de todas, deixou que eu a beijasse chorando. Talvez ela tenha compreendido. Bem maior do que minha mão, bem maior do que o meu peito, levei-a até o fim.


Eu me considerava um profissional decente. Até semana passada, houvesse o que houvesse, procurava cumprir o dever dentro de minhas limitações. Não foi possível chegar ao gabinete onde, quietinha, deitada a meus pés, esperava que eu acabasse a crônica para ficar com ela.


Até o último momento, olhou para mim, me escolhendo e me aceitando. Levei-a, em meus braços, apoiada em meu peito. Apertei-a com força, sabendo que ela seria maior do que a saudade. "


O texto acima foi publicado no jornal "Folha de São Paulo" , edição de 04-06-1995, e faz parte do livro "Figuras do Brasil – 80 autores em 80 anos de Folha", Publifolhas – São Paulo, 2001, pág. 318, organização de Arthur Nestrowski.



Nunca escondi de ninguém o meu amor pelos seres de 4 patas!!! Seja gato, cachorro, ou o que for, sempre os amei e sempre me indignei com quem, por não amá-los, criticasse meus sentimentos.

Tenho em minha casa um cachorrinho lindo, doce e fiel e duas gatas, ótimas companheiras nas noites em frente a televisão. Estão sempre conosco!

E este tipo de amor procurei transmitir à minha filha (meu marido recebeu por osmoze) e ela o absorveu totalmente. É solidária e cuidadosa com qualquer animalzinho. Respeita-os!!!
E é feliz assim. Aliás, somos felizes assim! Nós e nossos bichos!

5 comentários:

Anônimo disse...

hehee
q liindooooooo
ameeeeeeeeeeei
parabens xd
http://imensidadx3.blogspot.com

Anônimo disse...

Ola miguxinha.Obrigada pela visita e pelo carinho.
Os animais para mim tbm são mais do bichinhus de estimação,são amigos,companheiros,são td e mais um pouco.Eu ajudo uma miguxa em outro blog feito para divulgar informações de como ajudar os animais,entre la e confira,vc pode ajudar em muitas coisas como assinar petições e participar de campanhas...
O link é-http://sos.natureza.animal.zip.net/
Aguardo sua visita la tbm
Mega beijinhs e tenha um otimo fds

Anônimo disse...

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Oi minha querida!!

"Se em cada estrada do mundo existir
pessoas como você, o sol encontrará
um motivo a mais para brilhar e a
amizade um motivo justo e certo
para existir"!

UM FIM-DE-SEMANA MARAVILHOSO PRA VOCÊ.
Beijinhos repletos de carinho...Silvia

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Cruela Veneno da Silva disse...

sorte dela que teve você.

Anônimo disse...

Esta estoria se assemelha a minha com a minha MILA que foi minha filha, minha amiga, minha defensora, minha companheira de todas as horas até mesmo qdo da morte de minha mãe; ela esteve ali prestando sua solidariedade, mas me deixou no um ano depois da morte de minha mãe precisamente no mesmo dia. Me olhando sempre com seu olhar alegre como a me dizer: - não se entristeça, lembre-se sempre dos nossos momentos felizes, mas sinto muita falta das duas pq era com elas que falava mesmo que não pudessem dialogar.