quarta-feira, 23 de abril de 2008

Meu poeta favorito: Pablo Neruda.

O Poço
Cais, às vezes, afundas
em teu fosso de silêncio,
em teu abismo de orgulhosa cólera,
e mal conseguesvoltar, trazendo restos
do que achaste
pelas profunduras da tua existência.


Meu amor, o que encontras
em teu poço fechado?
Algas, pântanos, rochas?
O que vês, de olhos cegos,
rancorosa e ferida?


Não acharás, amor,
no poço em que cais
o que na altura guardo para ti:
um ramo de jasmins todo orvalhado,
um beijo mais profundo que esse abismo.


Não me temas, não caias
de novo em teu rancor.
Sacode a minha palavra que te veio ferir
e deixa que ela voe pela janela aberta.
Ela voltará a ferir-me
sem que tu a dirijas,
porque foi carregada com um instante duro
e esse instante será desarmado em meu peito.


Radiosa me sorris
e minha boca fere.
Não sou um pastor doce
como em contos de fadas,
mas um lenhador que comparte contigo
terras, vento e espinhos das montanhas.


Dá-me amor, me sorri
e me ajuda a ser bom.
Não te firas em mim, seria inútil,
não me firas a mim porque te feres.


Pablo Neruda

2 comentários:

Anônimo disse...

Tente colocar de novo,eu consegui ver as flores, mas deve ter algo errado,no award,pois estáabrindo direitinho nos outros blogs. beijinhos no coração Mary

Anônimo disse...

Olá Lekka, lindo post,beijo