segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Mulheres mais velhas!

Eu nunca havia parado para me auto-analisar! Não mesmo! Não me auto-analisar com relação as minhas atitudes, mas a mim mesma em todo o decorrer da minha trajetória e que me fez chegar aqui, à esta altura da vida, forte e independente, com opiniões estabelecidas e com um bom conhecimento do que ou não fazer.

Olhando para trás, sem auto-piedade ou comiseração, vejo que atravessei muita coisa que era para no mínimo ter me deixado amarga e de mal com a vida. Vendo pelo lado afetivo, fui uma colecionadora de inúteis! É verdade! Não tive muitos relacionamentos, mas foram sempre longos e complicados, sempre com pessoas que, ou eram extremamente acomodadas ou faziam estilo "chopim", me sugando até mesmo a energia. Mas foi uma escola muito boa, pois aprendi, depois de muito "apanhar", a me defender. Para romper barreiras, era preciso muita coisa e até conhecer o meu marido, fugi de muita gente como o diabo da cruz. Ser bonita é bom, mas às vezes atrapalha. E muito.

Profissionalmente, nunca fiquei esperando que as coisas caissem do céu, logo após a conclusão do curso, antes mesmo de ter o diploma em mãos, fui em busca de trabalho e arranjei emprego rapidinho. Está certo, não era nenhuma maravilha, mas deu para me aguentar até eu achar coisa melhor. E sempre foi assim, nunca fiquei desempregada e não abria mão de oportunidade nenhuma: até trabalhar no interior eu fui (está certo, odiei! e voltei em questão de 5 meses) e foi uma das experiências mais enriquecedoras que tive, meus valores mudaram totalmente. Fui correndo atrás, cavando meu próprio caminho, até fazer concurso público e me estabelecer em definitivo. E mesmo no serviço público, quem consegue evidenciar-se, incomoda. Angaria-se raiva, inveja, inimizades, mas procuro não valorizar este tipo de sentimento, afasto-o apenas e, de certa maneira, só comprova que sou competente e que estou no caminho certo.

Na vida de uma maneira geral, me sinto vitoriosa! Superei muita coisa. Mas o que mais me marcou, foi ter que enfrentar a esterilidade. Fiquei estéril, sim! E o pior, antes de ter tido filhos. Jovem. E sem filhos. Foi dificil, sofrido e complicado. Eu simplesmente odiava quando iam me visitar no hospital, logo após a cirurgia, e me falavam "se não pode ter filhos, adota", "pegue uma criança pra criar (como se criança fosse um animalzinho, que você simplesmente pega)" e tantas outras pérolas. Sempre fui aberta a adoção e eu sei que a intenção era me consolar, mostrar um lado positivo, porém eu não queria consolo, eu simplesmente não queria falar à respeito do que havia acontecido, eu precisava de tempo para elaborar o fato e me preparar para enfrentar o tratamento que vinha pela frente. E posso te garantir, não foi fácil. Mas passado o tempo, hoje vejo, que fui uma pessoa de muita sorte, mas muita mesmo, pois apesar de não ter tido filhos biológicos, fui abençoada com uma filha que está acima de qualquer expectativa.

Nós adotamos nossa filha, Ana Clara, seguindo todos os trâmites legais junto à Vara de Adoção. Foi um processo tranquilo e exatos 9 meses após termos nos tornados aptos à adoção, ela chegou, aos 2 meses, no rigoroso inverno de 2000, um frio danado. E ela sózinha nos aqueceu com a imensidão do amor que veio junto. É indescritivel a sensação, não existem palavras para explicar o que se sente. O amor brota não sei de onde e vem com tudo. Não sei se amaria mais a Ana Clara se ela fosse biológica, aliás até me esqueço deste detalhe. E pode ter certeza que sou uma onça quando se trata dela: ela é minha e ai daquele que tentar magoá-la. Quer dizer, fiquei estéril, mas a esterilidade trouxe minha filha. E sou muito feliz por isso.

Me considero hoje, uma mulher forte, de bem com a vida, apesar de todos os problemas que ainda enfrento ( o câncer de minha mãe é o mais difícil deles), já que problemas e dificuldades não são privilégio de ninguém. Não tenho medo da vida e nem de viver, aliás acho que não tenho medo de nada. Não tenho medo de tomar decisões e não tenho medo de enfrentar ninguém. Me dou o direito apenas de me preservar, de preservar quem sou e os meus sentimentos.

Não troco esta fase da minha vida por nada deste mundo, a experiência que adquiri me deixa pronta para o que der e vier e a segurança que sinto em ter as rédeas da minha vida nas mãos, com certeza fazem com que tenha orgulho de ser eu mesma e é assim que me vejo: uma mulher bonita, segura, competente e com muito gás (para dar e vender).

Um comentário:

Anônimo disse...

tenho vindo aqui algumas vezes ler este post, mas "viajo incógnita".

hoje resolvi escrever mas só para dar um grande abraço a esta linda familia.

espero q as ferias estejam a correr pelo melhor e q a aninha nao tenha tido nenhum contratempo este ano.

lekkinha como vai essa "coisa"? esse "mau-olhado" q lhe puseram?

aqui mando um cheirinho a alecrim para dar sorte.

bisous a TODOS

rosamaria